sexta-feira, 30 de julho de 2010

De "Beirut" para o ashram da Amma



Imagens de 1: Vista do aeroporto Indira Gandhi terminal 2 voos internos
2, ...: Vistas da janela do quarto no ashram (nota - é proibido tirar fotos dentro do recinto do ashram - só sem ninguém ver...). A ponte que se vê é a de Amritapuri, constriuda pela Amma para ajudar a população das aldeias da peninsula onde se situa o ashram a serem evacuadas no caso de um tsunami como o que destruiu as costas dos estados de Kerala e Tamil Nadu há poucos anos.



Confesso que apanhar um voo interno na Índia me estava a assustar um pouco e que os comboios me pareciam mais seguros e "assentes na terra". Há poucas semanas tinha-se despenhado um avião em Mangalore exactamente no Kerala. E grandes "acidentes" de comboio ultimamente - só na costa Este e por acção terrorista. Mas o terminal interno do aeroporto Indira Gandhi é absolutamente requintado - a organização e o prazer de reencontrar livrarias com fornecimento variado e toda a parafernália de pequenos luxos de que vou prescindir nas próximas semanas arrefeceram os meus medos. Os voos que realizei com a Kingfisher airlines Delhi-Mumbai e Mumbai-Trivandrum - também deixariam a TAP muito mal situada.

E depois a Índia. Pela via das dúvidas comprei bilhete de comboio para Karunagapali a 10km a Sul de Amritapuri (ashram). Mas fui a procura de uma camioneta ali ao lado porque não teria de esperar ainda 3 horas. Os métodos da Cristina funcionam bem e com a ajuda de uma indiana simpática lá me enfiei na camioneta (e perdi as 35 RS do Bilhete do comboio - cerca de 60 cêntimos).

Era uma "daquelas" camionetas que já conhecera no ano passado. Não têm vidros nas janelas e o tempo ameaçava desabar numa tempestade antes do fim da viajem. Mas obviamente os indianos têm soluções, e quando começou a chover a senhora do lado puxou um fole de napa que nos protegeu o suficiente.

A viajem foi longa através aldeias e florestas tropicais, densas, de palmeiras e outras árvores com folhas gigantes - algumas (folhas) calculei que tivessem a minha altura.

Mas cheguei de dia - ainda cedo - para apanhar o rickshaw que me devia levar pela estrada da praia directamente ao ashram - e não gostaria de ter feito aquela estrada de noite. Pescadores a pescar, pescadores a jogar à bola, pescadores sentados a conversar - onde estavam as mulheres? O Kerala é o único estado em que há 50% de mulheres - muito mais do que no resto da Índia - e tem 90% de literacia! Isso notou-se ao longo da viagem de camioneta pelo número de escolas, de estudantes na rua, de anúncios de publicidade sobre educação. Mas ali naquela estradinha junto a água - nada disso.

As primeiras horas no ashram passei-as sentada a ouvir os cânticos no templo e a olhar a paisagem - a recepção estava fechada até às 9pm! Depois lá tive direito a um quarto - partilhado com outra pessoa - uma californiana novinha, estudante, que já seguia a Amma há 15 anos.

O quarto é muito básico mas tem o necessário e uma vista esplendorosa - o ashram fica numa península nas backwaters e uma ponte pedestre liga os edifícios à terra firme. Do quarto avista-se um braço de água que serpenteia entre palmeiras. Garças e outros pássaros coloridos passam mesmo à frente da janela. E no rio pequenos barcos de pescadores. Mas não se avistam aldeias nem casas tal é a densidade da floresta - o céu ameaça e eu não trouxe nada para a chuva - só um pequenino guarda-chuva - muito à maneira indiana. Nunca vi um indiano com gabardina, e aqui chove.

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