The Main Bazar - onde se situa o Smyle in (hotel)- é como o nome já pode fazer suspeitar - uma zona pouco sofisticada em que nos melhores dias se cruzam rickshaws, uma multidão de peões, vacas e motoretas - os carros não conseguem penetrar. Foi aqui que aterrei no ano passado, à noitinha, quando pela primeira vez pus o pé na Índia. O impacto do retorno não seria no entanto menor: pareceu-me, na luz crua da manhã, Beirut depois de um bombardeamento. Um deus gigante com unhas de aço tinha arrancado, casa a casa, todas as fachadas, deixando abertas ao olhar de quem passa as entranhas das habitações. Uma infinidade emaranhada de fios eléctricos pendentes decoram o céu e os passeios.
O próprio Smyle in tem três andares em obras e um aspecto de provisório mais indiano que a própria Índia. Já no ano passado me tinha chamado a atenção a forma como as obras e edifícios em geral sugerem sempre uma continuação, nos ferros que se mantêm erectos nos topos dos edifícios, e na falta muito generalizada de reboco e acabamentos. Mas o estado geral de "renovação" acelerada tem uma explicação "à medida" - os jogos olímpicos (ou serão outros?) que se vão realizar a partir de Outubro aqui na Índia. Pelo menos não são os deuses que estão enfurecidos!
Mas cheguei, e a experiência acumulada já me fez perceber que certas comodidades não são de desprezar. Assim, a simpatia do gerente do "hotel" resolveu-me com avanço o problema das reservas de comboio ao longo de quase toda a viagem - alguns já quase completos - tive de me conformar com uma couchete baixinha, num dos casos.
Amanhã vou para o ashram da Ana. Apanho o avião para Trivandrum, no Kerala, no Sul da Índia - depois um comboio até Kayakulam (ou um autocarro)e um rickshaw para o ashram. Fica numa zona magnífica das "backwaters" em que as aldeias estão cercadas de água e muita gente vive e trabalha em pequenos barcos. Não vou meditar muito profundamente, mas sinto uma certa curiosidade de ver por dentro um desses centros espirituais.
PS: redescobri o valor incalculável de um bom livro - pela falta que faz a sua ausência. Falha indesculpável na minha pormenorizada organização! "A viajem do elefante" não prende, e os policiais insípidos que as lojas do aeroporto de Munich forneciam deixaram me 8 horas de um quase vazio. Salvou-me a música do ipod e um ou outro jornal.
Este tem post fez-me lembrar o poema do "operario em construcao", não tanto pelas caracteristicas de cidade inacabada, mas porque estas tuas viagens sao "em busca do self". Grande Leonor! Bjs
ResponderEliminargranda maluca ... quando for grande quero ser como tu :-)
ResponderEliminarCá estamos a viajar contigo, ao mesmo tempo que jantamos umas saladinhas... que para quem por aí viaja são luxos.
ResponderEliminarPodes continuar que nós estamos a gostar..
Gostava de ter a tua coragem ... quem sabe quando eu for grande. Diverte-te bjs Rosario
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