























Hampi está para lá de todas as minhas expectativas. Não é por acaso que segundo Krishna, o meu guia, - sim, porque arranjei um guia -, é o segundo local considerado Património da Humanidade, logo a seguir a Roma!
4000 monumentos dos quais 2000 são templos (activos) - construídos entre o sec XIII e XV, no centro de um império que abrangia todo o sul da Índia. Alguns em grutas ou ao longo do rio em sítios de difícil acesso. Com uma paisagem natural de blocos imensos de granito moldados pelo tempo, pelas chuvas e pelo rio sagrado. Uma enorme extensão de território a visitar que colide directamente com o meu maior handicap em termos de viagens - sou total e completamente desorientada. Não sei nunca onde fica o Norte ou o Sul. E a minha memória de curta duração é uma... Funciona muito mal.
Depois, o Lonely Planet diz que Hampi é um sítio calmo e seguro, livre de violência. Mas, que em todo o caso, convém usar do bom senso e não andar por ali a deambular à noite, ou, "sozinha(a)"! Ora aí está!
A solução: pela primeira vez na minha carreira de viajante - um guia. Krishna.
Levantei-me às 6.30h. Depois do pequeno almoço na varanda pedi um guia (Rs 400 - 4h). Já ontem andei pelo main bazar e pela zona de monumentos mais perto do hotel. Era domingo e havia bastantes peregrinos e devotos - mas nada parecido com Chamundi Hill. A riqueza e diversidade dos monumentos é tanta e são "objectos" tão lindos e distantes da nossa cultura que pela primeira vez senti que uma explicação podia ser muito interessante; e que só com livros nunca conseguiria desenrolar a meada.
De maneira que hoje pusemo-nos a caminho dos blocos de granito, do rio e dos monumentos mais distantes. Logo à saída da vila encontram-se as ruínas recuperadas do que foi o antigo main bazar e centro comercial do sec XIII para metais e pedras preciosas. Enorme.
Depois fomos percorrendo os cantos e recantos da região, escondidos no meio dos blocos de granito, nos meandros do rio e nas grutas. A qualidade das esculturas é excelente. As figuras têm uma capacidade expressiva surpreendente apesar do material difícil - granito - em que são trabalhadas.
Sentados na esplanada de um pequeno restaurante junto ao rio o guia fez-me uma proposta difícil de recusar: percorrer uma parte do rio num barco para ver os monumentos só acessíveis dessa forma. Aceitei (RS 400 - 1h)
São uns barcos muito estranhos. Circulares. Feitos de malha de cana de bambu entrelaçada, forrada por fora com uma camada de tecido plástico e de alcatrão. Movidos por um homem com um remo curto.
O rio tem muitos sítios onde não se pode nadar por causa das correntes. E a água é acastanhada, embora tenha fama de ser um rio de água bebível, ao contrario do outro rio sagrado, o Ganges. Mas mesmo assim é castanha.
Verificada, portanto, a estabilidade da embarcação, lá fui eu visitar o inacessível. E valeu a pela. Mas terão de ser as fotografias a dar conta da beleza do sítio. E isso só poderá acontecer quando chegar a Panjin, em Goa, na quinta feira, porque aqui ninguém tem net com capacidade de fazer uploads.
De qualquer maneira tivemos sorte com o tempo. Estava fresco, com sol, e não choveu. É que aqui quando chove são 10 minutos - mas 10 minutos inesperados, repentinos e com a força de um tornado. Depois, é como se nada se tivesse passado. Volta o sol, varrem-se as águas invasoras e tudo continua normalmente. Aconteceu-me isso ontem quando estava a almoçar na esplanada coberta do hotel. Refugiei-me com o prato de momos tibetanos e o lassi no sítio mais recôndito, onde as rajadas de chuva não chegavam, e esperei que passasse. E continuei a comer depois.
Amanhã vou fazer outra visita guiada, desta vez às vilinhas e plantações aqui à volta. Sem monumentos incluídos.
Hoje vou ficar por aqui a deambular e a ler. À noite - às 8h - parece que vai haver festa no main bazar - festa da lua nova - com desfile, música e dança. Como é muito perto do hotel venho espreitar. Certamente.
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