








10 horas num sleeper só para mim. Ninguém. O comboio parava em todas as estacões. Eu disse TODAS. O único senão era que em todas as estacões entravam pessoas a pedir.
Dá-se uma, dá-se duas... e depois pensa-se na vida. O que me valeu foi que só parava dois minutinhos na maior parte delas. A certa altura achei por bem refugiar-me com armas e bagagens no beliche de cima - de mais difícil acesso - ninguém aguenta muito tempo a pedir em bicos de pés e braço para cima.
Mas para lá da brincadeira, não sei muito bem como agir nestas situações.
Não dei canetas nem dinheiro aos miúdos de Hampi, mas tenho a certeza de que as fotografias (cerca de 50) que mandei lhes deu uma enorme alegria. E é uma troca justa.
Quando resolvi descer lá de cima, finalmente, a paisagem tropical tinha mudado. Uma planície imensa estendia-se a perder de vista, com uma vaga promessa de montanha lá para perto da linha do horizonte. Os rios, sem água ou transformados nas poças lamacentas que recordava da viagem do ano passado, voltavam a marcar o território.
Por vezes, durante quilómetros, junto aquilo que seriam as linhas de água viam-se covas rectangulares, fundas, com pequenas torres de terra no centro. Parecia que pespontavam o terreno. Pareciam, também, uma sucessão de shiva lingham moldados na terra para melhor reter a água das chuvas (e quem sabe, abençoar o terreno). Ao princípio pensei que poderia ser um acaso da natureza. Mas a repetição ad infinitum da mesma forma...
Aos poucos entramos numa zona de xistos com inúmeras aflorações rochosas no meio das culturas agrícolas. As casas passaram a ser feitas nesse material: pedras de xisto enterradas em cimento, como num baixo relevo - pintadas de cores claras, branco, azul, tijolo claro, e com muitas buganvílias - o que dava à paisagem um certo ar marroquino. Estávamos perto de Ajmer.
Depois foi em grande velocidade - com a ajuda de um funcionário da estacão que veio em meu socorro (novamente um monte de motoristas a minha volta) - enfiei-me numa outra versão do rickshaw - o rickshaw-autocarro - que por Rs5 me depositou a mim e a outros passageiros na estação de camionetas para Pushkar.
Cheguei à Casa Branca - assim se chama o hotel. Limpo. Branco. Restaurante-esplanada no terraço. Vista. Um banho. Um chá de manga. Torradas. O Hindu. A Net. Cansaço. Hoje levantei-me às 3.30am.
Vou tentar enviar fotos amanhã. Mas não sei se consigo. Em Panjin não consegui fazer o upload apesar de ainda ter 8gigas livres. Não sei porquê. O computador só subiu as fotos de Somnanthpur e depois recusou-se a mais.
Olá Leonor,
ResponderEliminarEstou a adorar o teu blog e a tentar acompanhar-te todos os dias nessa viagem. A Isabel Neves está sem computador e preocupada se precisas de alguma coisa. Qq coisa diz.É pena não conseguirmos acompanhar as tuas descrições com fotos...
Bjocas
Raquel Coelho