Imagens dos petiscos e ambiente do art café - nada de plásticos, água purificada e saladas bem lavadas - como se prova pelo meu estado de saúde - comi bastantes e não sou de arriscar
Saí de mansinho pelas 5.30 do ashram com a sensação de ter cometido uma falta qualquer (paguei tudo o que devia). Atravessei a pé a ponte de Aritapuri e esperei que aquela hora já lá estivesse a fila de rickshaws habitual. Tive sorte e pouco depois estava a caminho da estacão de Kayakulam com o meu e-ticket na mão para o comboio das 7.15 para Ernakulam-kochin.
Os homens do Kerala usam uma espécie de toalha de mesa - quase sempre branca e debruada a cor - que enrolam em volta da cintura e prendem com um nó. Vai geralmente acompanhada de uma camisa de colarinho formal o que transmite a ideia de alguém que teve de ir abrir a porta da rua enquanto se encontrava a acabar de vestir na casa de banho. A coisa tem duas versões com uma série de estádios intermédios: ou bem a têm comprida até aos pés, ou dobrada por cima do joelho e presa com um segundo nó na cintura. Mas eles não param quietos e fazem e desfazem as dobras dando muitas vezes a sensação de que vai cair - mas não cai! passei algum tempo na estação comodamente sentada a observar e tentar descobrir como funciona.
Depois foram duas horas sentada no comboio ao lado de um casal indiano, classe média, simpático, a falar um inglês muito razoável - e a comer "à maneira indiana" - com a ponta dos dedos, uma refeição servida sobre uma enorme folha de plátano??? dobrada em envelope. O conteúdo parecia delicioso, mas para nós ocidentais, a ponta dos dedos ainda não é a ferramenta mais habitual, embora também sirva para comer (batatas fritas, ...).
Nota-se bem que a população deste estado é mais educada e tem um nível de vida melhor - as estacões são organizadas e a publicidade revela um público com recursos e cultura - arte, música, educação, livrarias...
Cheguei cedo ao meu hotel (que excepcionalmente reservei apenas por telefone na estacão) - o casal que o dirige é muito simpático. Fica numa zona antiga de Fort Cochim. A cidade transmite uma sensação estranha e simpática de familiaridade, com as ruas de casa baixas e cores claras, arrumadas - faz lembrar algumas vilas alentejanas. E uma mistura muito especial de culturas - portuguesa, holandesa, indiana... E nunca pensei que o catolicismo tivesse tanta força por aqui. Muitas pequenas igrejas e capelas e uma mistura saudável de iconografia - Cristo de um lado, Krishna de outro, Nossa Senhora e Ganesha em amena convivência colados no tecto de um qualquer rickshaw.
As lojas de antiguidades e o artesanato daqui são fora de série - do melhor que já vi - lembrei-me do Luís que certamente gostaria de ver estas esculturas fantásticas em metal e em madeira - de uma qualidade plástica fabulosa.
Pensando na Isabel Neves resolvi ir lanchar ao "Art Cafe" ali na rua: um espaço que junta o melhor da simplicidade e do design oriental e ocidental - com uma exposição de desenhos muito boa e uma gama de bolos caseiros ainda melhor. Aproveitei para, sentada numa zona semi aberta, fresca, mergulhar nas delicias do menu. A pensar na Isabel.
Tomei também um delicioso pequeno almoço (lassi de banana e tostas com manteiga) a ler um jornal indiano. Fazia referência à expansão da guerrilha maoista para o estado de Kerala, sobretudo na fronteira com o Tamil Nadu. Vou verificar se a camioneta passa por essa zona de floresta e tentar evitar o percurso. A guerrilha está muito activa no Tamil Nadu - a população sofreu muito com o tsunami e não tem a cultura nem a educação do Kerala. Mas aqui tem tido pouca adesão - no entanto, as populações mais abandonadas e desprotegidas das florestas tropicais podem começar a ser seduzidas...
Fort Cochim é composto por um emaranhado de ilhas e penínsulas ligados por ferrys e pontes. Segundo o LP as redes de pesca chinesas situadas no porto de Cochim são o emblema não oficial das backwaters do Kerala.
Hoje vou dar umas voltas de ferry e reservar hotel e camioneta para Mysore.
em Cochim havia uma livraria fabulosa, chamada Idiom, ao fim da Bastion Street, no enfiamento da Quiros Street.
ResponderEliminartamil nadu, mesmo depois do tsunami, era pacífico. não sei se mudou assim tanto, mas é um dos locais mais bonitos em termos de paisagem e de arte, principalmente os templos.
diverte-te!